A dívida com a torcida está paga. O Corinthians é
pentacampeão brasileiro. O time que há quatro anos chorava o rebaixamento à
Série B, hoje chora o título da Série A.
A equipe que começou o ano como piada pela
eliminação na Libertadores, sob ameaça da própria torcida, termina 2011 no
topo.
O clube que acordou ontem para lamentar a perda de
Sócrates, um dos maiores ídolos de sua história, foi dormir orgulhoso, pelo
título e pela homenagem ao Doutor.
O empate sem gols diante do maior rival garantiu o
troféu à equipe mais regular, a que mais venceu, a que mais tempo passou na
liderança.
O Corinthians termina o Brasileiro com 71 pontos,
contra 69 do Vasco. Não houve adversário capaz de fazer seis pontos contra o
Corinthians.
Foram 27 rodadas na liderança. A melhor defesa (36
gols sofridos), o melhor saldo de gols (17), junto com o Vasco, o vice-campeão.
A torcida avisou antes do jogo: "Se o
Corinthians não ganhar, o pau vai quebrar".
Não foi preciso ganhar.
Graças à vantagem construída ao longo das 37
rodadas anteriores, o Corinthians apenas precisou empatar.
Cada um dos quase 40 mil presentes ao Pacaembu já
sabia que o Corinthians de Tite é o time do sufoco, o que conquistou 17 de suas
21 vitórias neste Brasileiro pela diferença mínima no placar.
Ontem, nem isso. Dominados pelo nervosismo, os
atletas de branco não jogavam, só corriam, só lutavam.
Na beira do campo, Tite berrava, desesperado.
Queria mais troca de passes. Era ignorado por seus jogadores.
O Palmeiras, movido apenas pela rivalidade -não
tinha mais qualquer objetivo no Nacional-, esteve sempre mais perto de abrir o
placar.
Chegou a acertar a trave no segundo tempo. Júlio
César teve muito mais trabalho do que Deola, do outro lado.
O Corinthians voltou melhor para o segundo tempo, e
foi logo ajudado pela estúpida expulsão de Valdivia, xingado em uníssono por
palmeirenses e corintianos.
Como ocorreu em quase todo o campeonato, o
Corinthians contou com a colaboração de rivais. No Rio, Flamengo e Vasco
empatavam.
As substituições de Tite no jogo final dizem muito
sobre como sua equipe jogou em 2011: o time terminou o duelo com dois zagueiros
(outros dois foram expulsos), três volantes, nenhum atacante em campo e Adriano
no banco.
O Pacaembu só explodiu quando o fim do jogo no
Engenhão foi anunciado pelo telão e pelo sistema de som. Ainda havia um
escanteio para o Palmeiras, que muitos corintianos nem se esforçaram para
rebater -já havia abraços de comemoração.
Faltou o gol para chamar de "gol do
título". Quem penou o ano todo com o time e sofreu ontem com a perda de
Sócrates não quer saber desse tipo de formalidade.
Fonte: Folha de São Paulo
Publicado em 05/12/2011
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